As incertezas estão frequentemente presentes na relação médico-paciente? Leia o comentário do Lila sobre esse tema
Anteriormente, falamos sobre a construção ativa de um relacionamento e conexão, e abordaremos agora o gerenciamento de incertezas, a começar pelo reconhecimento.
Nossa natureza é plena de incertezas, muitas vezes achamos que podemos decidir, a partir de uma reunião de dados, e garantir resultados. Mas essa pode ser muitas vezes uma ilusão. Na prática, somos donos apenas dos nossos atos, mas não dos seus resultados.
A investigação sobre como abordamos a incerteza no campo da saúde aponta para presença de aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais que podem gerar um balanço positivo ou negativo diante das diversas possibilidades de desfecho. Trata-se da chamada tolerância à incerteza.
Esta tolerância, quando muito limitada, gera a sensação de vulnerabilidade e uma aversão à decisões. Porém, quando elevada cria a percepção de oportunidade, esperança, busca de informação e participação nas decisões (Strout et al., 2018).
Neste sentido o gerenciamento das incertezas passa inicialmente pela criação de oportunidade para que o paciente expresse suas dúvidas e incertezas. Por vezes tão importante quanto identificar as incertezas é também reconhecer a presença do fatalismo no qual o paciente é tomado por uma crença da impossibilidade de benefício do tratamento de doenças graves como o câncer (Powe & Finnie, 2003).